sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nem tão bom,nem tão ruim

Por Marta Baião

Dizem que expectativas em demasia é o caminho mais curto para alcançar a frustração.Ao assistir 5x favela - agora por nós mesmos,posso dizer que não me senti propriamente frustada,mas fiquei a anos-luz de encontrar o que esperava.

O filme é resultado de um trabalho de ONGs em comunidades carentes do Rio de Janeiro,que tem como objetivo incentivar a produção e difusão do audiovisual entre os moradores.Assim,o longa foi produzido por jovens estudantes de cinema selecionados em diversas oficinas cinematográficas.

O 'agora por nós mesmos' do título me fez nutrir muitas expectativas.Cheguei até a sugerir a um amigo que adquirisse o filme para sua locadora.Partindo do ponto de que agora a favela seria vista e mostrada através do trabalho daqueles que dela são parte,pensei que teríamos uma abordagem menos estereotipada.Menos violência,menos crime,menos tráfico,enfim.

Por mais que o tripé violência,crime e tráfico esteja enraizado no cotidiado dessas comunidades,acreditei que outros aspectos sociais e humanos seriam enfocados,ou teriam mais visibilidade.Como o filme é uma espécie de compilação de curtametragens(cinco curtas),variando o tempo deles entre 15 a 20 minutos,sem dúvida houve sim uma tentativa,ainda que tímida,neste sentido.Um exemplo é o último curta,Acende a Luz,onde um lado mais leve,descontraído e de personagens mais divertidos foi retratado.

No geral predomina o que já estamos acostumados(ou seria cansados?!) de ver no cinema quando o assunto são as comunidades do Rio.Não que estes assuntos tão espinhosos a todos nós não devam ser mostrados.É evidente que sim.O que acho incômodo é perpetuar essa noção de que nos cinemas a favela só pode ser encarada sob uma ótica pessimista.

Por outro lado, é bacana ver jovens de uma realidade social marcada pelo abandono histórico do poder público provando que são capazes, e podem sim, produzir cinema num âmbito comercial.Sem falar que o filme tem uma fotografia bonita,além de algumas cenas onde transborda a sensibilidade poética.Pode soar como contraditório,mas a cena como maior força poética está justamente no episódio mais violento e trágico do filme:Concerto para Violino.(Não faço a linha spoiler,por isso não darei mais detalhes da cena...rs)

Então é isso.Agora é torcer para que em empreendimentos vindouros esta ou outras turmas de jovens cineastas esteja menos engessada a idéia de que,nas telas, a violência,o crime e o tráfico das favelas é que são rentáveis e merecem espaço.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dilema diário



Por Marta Baião

Quem nunca se deparou com um verso de poema,refrão de uma música ou trecho de um texto que definisse exatamente seu estado de espírito?É como se o mínimo palavras tivesse a capacidade de definir situações com tanta maestria que nem a mais prolixa das escritas seria capaz de atingir.As vezes o mais tortuoso dos sentimentos pode ser expresso em parcas palavras.E eis aqui talvez a melhor definição para os meus primeiros dias de 2011:

"A razão é sempre mesquinha perto do sentimento.Uma é naturalmente limitada,como tudo que é positivo,e o outro é infinito.Raciocinar onde é necessário sentir é próprio das almas sem alcance". Honoré de Balzac

A vida exige de nós equilíbrio e sabedoria,isso é fato.Saber ponderar razão e emoção/sentimentos sempre nos foi passado como a melhor direção a ser seguida.Mas quão é árdua tal caminhada!Nunca sabemos ao certo quando a razão deve ceder espaço em nossa vida aos sentimentos.Nem ao menos conseguimos medir com clareza os danos que os excessos de um ou do outro podem nos causar.Ou será que não é por sabê-los que estamos numa constante busca pela hamornia?!

Por outro lado, estar em permanente alerta,tentando equilibrar a balança de nossas ações cotidiana é uma chatice das grandes,por isso mesmo talvez a melhor indicação neste momento seja a de Balzac:deixe os sentimentos sobrepujar a razão!Nossa efémera existência necessita de emoção,poesia e em certa medida, desequilíbrio.

Se acaso se direcionar por tal caminho trouxer danos, não há o que temer,afinal, a razão estará ali,logo ao lado,auxiliando no caminho de volta.

Viver requer emoção!